segunda-feira, 10 de fevereiro de 2014

Bom humor.


O ambiente de trabalho era sério, sisudo. Do tipo pressão total. Passava noites dormindo mal, preocupado com o que teria que fazer no dia seguinte. Ia dormir tarde e acordava mais cedo do que precisava, chegava antes do horário para adiantar o serviço, naquele clima pesado. Um dia, descobriu por acaso que quanto menos dormia, melhor ficava seu humor. Tinha saído com os amigos em pleno domingo, para tentar descontrair antes da semana começar. Foi esticando no boteco, depois na boate, depois no inferninho, depois na casa de strip-tease, depois passou em casa, tomou uma ducha e chegou ao trabalho em plena segunda, bradando bons-dias alegres e insuportáveis. Os colegas continuavam tensos e cheios de formalidades. Ele nem tinha bebido muito na noite anterior: a ressaca era dos outros com seu comportamento. Trabalhou muito e rendeu mais ainda durante o dia, causando a inveja dos colegas mais próximos, que só queriam que chegassem as 18 horas – da sexta. Saiu de novo na quarta seguinte, foi difícil achar quem o acompanhasse. Terminou conversando com o bêbado do bairro. Novamente, foi o tempo de passar em casa, tomar um banho e chegar ao trabalho a 200 por hora, com sorriso indisfarçável, contando piadas, mais divertido do que nunca, alvo de admiração das mulheres e de ódio dos homens. Resolveu testar seus limites. Passou mais 3 noites sem dormir. A cada dia estava mais bem-humorado, se é que era possível. Chegou virado ao escritório na manhã de segunda. Foi um show. Ria para todos, elogiou a beleza das secretárias, fez piada com o implante capilar do colega – algo que todos queriam ter feito, mas não tinham coragem. Aquele astral todo incomodava. Foi chamado pelo chefe e demitido. Gargalhou da notícia e foi embora. Ninguém ameaça impunemente tanta tristeza. 

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