Acompanhe as redes sociais. Gatos. Cachorros. Bebês. Sorrisos.
Corações. Quer likes? Seja fofo. Quer shares? Seja mais fofo ainda. A
propaganda, área onde atuo, é um reflexo da sociedade. E até ela está ficando
cada vez mais fofa. Menos humor, mais fofura. Afinal de contas, é muito mais
saudável passar uma mensagem positiva para as pessoas do que tentar fazer humor
– já que o humor, por pressuposto, sempre tem alguém se dando mal. Isso é bom, certo?
Não sei. Acompanhe as redes sociais. Ódio. Desrespeito às
divergências. Não-aceitação das diferenças. Zeca Camargo foi execrado pelos fãs
de Cristiano Araujo porque disse que ele não era tão famoso assim.
Heterossexuais ofendem qualquer um que defenda o casamento entre pessoas do
mesmo sexo (excelente caso neste link aqui:
a resposta de um fotógrafo de casamentos americano a um casal que cancelou seus
serviços por ele clicar casais gays). Não basta eu discordar da sua opinião: é
preciso que eu humilhe você, xingue você, e em último caso, obrigue você a ter
a mesma opinião que a minha.
Não sou antropólogo nem psicólogo, mas algo de muito estranho está
acontecendo. Somos uma sociedade que na fachada, ama tanto as coisas fofinhas
que elas começam a ser quase obrigatórias para o sucesso de qualquer atividade comercial.
Mas no fundo, odiamos qualquer coisa que seja minimamente diferente do nosso
mundinho. Até o Google e o Facebook colaboram para isso. Seus algoritmos de
busca exibem só o conteúdo que tem a ver com você. Para ficarmos num exemplo
político: se você é de direita e fizer uma busca sobre o assunto, os resultados
virão com ideias semelhantes às suas. Se é de esquerda, o inverso acontece.
Tudo baseado no seu histórico e no seu perfil. Assim, perde-se a chance de
entrar em contato com visões de mundo distintas. Aquilo que a gente sempre teve
nas ruas, nas reuniões de família, nas mesas de bar.
Este outro link aqui
fala sobre linchamentos virtuais. Gente que postou uma idiotice ou frase de mau
gosto/preconceituosa para seus poucos seguidores/amigos, e que tiveram suas
vidas destruídas publicamente.
Essa é a ditadura da fofura. Se você é fofo, eu te amo. Se não é,
eu te odeio.
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