segunda-feira, 29 de junho de 2015

A ditadura da fofura.

Acompanhe as redes sociais. Gatos. Cachorros. Bebês. Sorrisos. Corações. Quer likes? Seja fofo. Quer shares? Seja mais fofo ainda. A propaganda, área onde atuo, é um reflexo da sociedade. E até ela está ficando cada vez mais fofa. Menos humor, mais fofura. Afinal de contas, é muito mais saudável passar uma mensagem positiva para as pessoas do que tentar fazer humor – já que o humor, por pressuposto, sempre tem alguém se dando mal.  Isso é bom, certo?

Não sei. Acompanhe as redes sociais. Ódio. Desrespeito às divergências. Não-aceitação das diferenças. Zeca Camargo foi execrado pelos fãs de Cristiano Araujo porque disse que ele não era tão famoso assim. Heterossexuais ofendem qualquer um que defenda o casamento entre pessoas do mesmo sexo (excelente caso neste link aqui: a resposta de um fotógrafo de casamentos americano a um casal que cancelou seus serviços por ele clicar casais gays). Não basta eu discordar da sua opinião: é preciso que eu humilhe você, xingue você, e em último caso, obrigue você a ter a mesma opinião que a minha.

Não sou antropólogo nem psicólogo, mas algo de muito estranho está acontecendo. Somos uma sociedade que na fachada, ama tanto as coisas fofinhas que elas começam a ser quase obrigatórias para o sucesso de qualquer atividade comercial. Mas no fundo, odiamos qualquer coisa que seja minimamente diferente do nosso mundinho. Até o Google e o Facebook colaboram para isso. Seus algoritmos de busca exibem só o conteúdo que tem a ver com você. Para ficarmos num exemplo político: se você é de direita e fizer uma busca sobre o assunto, os resultados virão com ideias semelhantes às suas. Se é de esquerda, o inverso acontece. Tudo baseado no seu histórico e no seu perfil. Assim, perde-se a chance de entrar em contato com visões de mundo distintas. Aquilo que a gente sempre teve nas ruas, nas reuniões de família, nas mesas de bar.

Este outro link aqui fala sobre linchamentos virtuais. Gente que postou uma idiotice ou frase de mau gosto/preconceituosa para seus poucos seguidores/amigos, e que tiveram suas vidas destruídas publicamente.


Essa é a ditadura da fofura. Se você é fofo, eu te amo. Se não é, eu te odeio.

Nenhum comentário:

Postar um comentário